Álbum retrata a turbulência política do século XX; Klein é o único músico no Brasil a ter um Grammy de música clássica
“When there are no words” (Quando não há palavras) é o título do álbum do maestro brasileiro Alex Klein que, mais uma vez, vê chances de conquistar um Grammy. O primeiro, Klein conseguiu em 2002, como melhor solista instrumental com orquestra. Outros quatro, ele ganhou como membro da Orquestra Sinfônica de Chicago. Em 2023, a oportunidade chega por meio do produtor musical James Ginsburg, fundador do selo de música clássica Cedille Records, que concorre na categoria ‘Produtor do ano’ com seis álbuns, entre eles o de Klein.
A cerimônia de premiação da 65ª edição do Grammy Awards, que este ano tem indicados a 91 categorias, acontece no próximo 5 de fevereiro, em Los Angeles (EUA).
O álbum de Alex Klein, com seis composições, foi gravado em março do ano passado, no estúdio do DePaul University, de Chicago (EUA). “As canções do álbum refletem as guerras, as decepções políticas e os deslocamentos forçados”, explica o maestro.
Klein no oboé e Phillip Bush no piano interpretam obras de compositores que foram, de alguma forma, tocados pela política turbulenta do século 20. O projeto de Klein abrange obras de tchecos, alemães, britânicos, americanos e brasileiros. Grande parte da música evidencia um lirismo calmo e uma beleza melodiosa que parecem contradizer as difíceis circunstâncias dos homenageados, alguns exilados de seus países de origem, outros enlouquecidos com a guerra.
“Pawel Haas escreveu sua Suíte para voz e piano em 1939, com texto nacionalista e antinazista. Depois de compor, ele destruiu o texto e o transformou em uma obra para oboé e piano para evitar se assassinado”, conta Klein. “Mesmo assim foi deportado, participou da propaganda nazista com os judeus em Therezin, e em seguida, já doente, foi enviado a Auschwitz onde morreu na câmara de gás”.
Alex Klein coleciona prêmios nacionais e internacionais desde 1983. Mesmo com residência fora do Brasil em razão da sua atuação na orquestra de Calgary, no Canadá, Klein bate ponto todo ano em Jaraguá do Sul, cidade do norte catarinense, para dirigir o FEMUSC – Festival Internacional de Música de Santa Catarina, maior festival-escola da América Latina, idealizada pelo maestro em 2006. “O FEMUSC este ano completa a maioridade, são 18 edições de um projeto que vai ganhando mais e mais adeptos e fãs, não há nada como o FEMUSC, podem procurar”, diz orgulhoso do projeto que conta com patrocínio de empresários locais e apoio da prefeitura jaraguense.
“Este ano faremos mais de 200 apresentações, com aulas de manhã para músicos iniciantes e profissionais do mundo inteiro, com professores como Simone Bernardini, membro da Orquestra Filarmônica de Berlim, Fernando Cordella, cravista gaúcho e a cantora Jane Duboc, que dá aula de canto no curso de MPB”, explica.
O FEMUSC 2023 acontece de 8 a 28 de janeiro. Todos os espetáculos, que incluem apresentações de música antiga, clássica, MPB e três óperas, são livres. Os ingressos ficam disponíveis sempre com 48 horas de antecedência na bilheteria do Centro Cultura SCAR, local onde acontecem as apresentações.