Aluno do FEMUSC, violinista Eduardo Rios se torna o primeiro peruano na orquestra Filarmônica de Berlim

O músico, natural de Lima, conquistou a vaga na orquestra centenária agora em fevereiro e estreia em agosto

O violinista Eduardo Rios, que foi aluno do FEMUSC durante a sexta edição do evento, foi aprovado na última audição da Filarmônica de Berlim (Berliner Philharmoniker), uma das orquestras mais prestigiadas do mundo. Ele se tornou o primeiro músico peruano a conquistar um posto nos 140 anos da instituição. Em agosto deste ano, Eduardo estreia como violinista da Filarmônica e, após tocar por dois anos probatórios, poderá ter o cargo oficialmente confirmado por outra prova.

Eduardo Rios conquistou a posição na Filarmônica de Berlim após uma jornada que incluiu cursos, competições e festivais internacionais, como o FEMUSC. Ele descreve o processo como inesperado, mas resultado de uma série de eventos que se conectaram. “Eu não tinha em mente audicionar para Berlim, mas é claro que sempre sonhei em poder tocar com essa orquestra alguma vez na minha vida”, conta Eduardo, que se inscreveu durante uma viagem de férias para a Alemanha. Para sua surpresa, ele foi selecionado na primeira fase e teve menos de um mês para se preparar para a avaliação final. “Eles me convidaram no dia 3 de janeiro, e a outra audição já era no dia 30 de janeiro.”

Eduardo afirma que essa conquista representa muito além de um marco pessoal, mas também um feito para os músicos com a mesma origem que ele. “Sinto que na América Latina há muito talento que, lamentavelmente, por falta de apoio cultural, não se consegue aproveitar. Eu espero que essa conquista possa gerar mais visibilidade e abrir mais portas para os músicos do Peru e de toda a América Latina.”

A trajetória de Eduardo Rios e a importância do FEMUSC na carreira

A paixão de Eduardo pela música começou na infância, em Lima, no Peru. “Meus pais não são músicos, mas a música sempre esteve presente em casa. Meu pai gostava de rock clássico, como Led Zeppelin e The Beatles, enquanto minha mãe escutava a única rádio de música clássica do país.” Foi por meio dessa rádio que a mãe de Eduardo ouviu falar pela primeira vez sobre uma professora de música que chegava na cidade. Conhecendo o menino, ela aceitou oferecer aulas para ele, apesar das dificuldades financeiras que a família enfrentava.

Com o sucesso nestas aulas, Eduardo estreou como solista aos 14 anos na Orquestra Sinfônica Nacional (OSN), a principal e mais antiga do Peru. Aos 15 anos, viajou aos Estados Unidos pelo intercâmbio musical Traveling Note e, durante o programa, foi convocado para um aperfeiçoamento na Armênia. Nessa viagem à Europa, o violinista conheceu o maestro Alex Klein, idealizador e diretor artístico do FEMUSC, que o convidou pessoalmente para participar do festival no ano seguinte, 2012.

No FEMUSC, Eduardo Rios fez parte do Projeto Serioso, programa que prepara alunos seletos para tocarem em quartetos de cordas. Essa formação, essencial na música clássica, consiste em dois violinos, uma viola e um violoncelo. Eduardo Rios lembra como o projeto, então liderado pelo professor Richard Young, de Nova Iorque, impulsionou sua carreira internacional, para além do âmbito musical.

“Richard Young tinha expectativas muito altas para o nível que queria que tocássemos, queria que praticássemos bastante e soubéssemos como ensaiar melhor”, conta Eduardo. “Mas não era só isso. Ele também nos ensinava outras habilidades de um músico, como a de falar em público. Cada um dos alunos tinha que aprender, no respectivo idioma, a falar sobre o compositor e a peça que estávamos tocando.”

O violinista conta que a exigência do FEMUSC mudou suas perspectivas enquanto jovem músico. “Naquela época, eu não praticava muito, e as aulas com Richard me fizeram perceber como é difícil estar bem preparado para se apresentar. Foi uma etapa da minha vida em que eu não sabia o quão difícil era ser músico profissional. O FEMUSC me despertou e me fez perceber que ser músico exige muita disciplina. Não se trata apenas de ter talento, mas do que se faz com seu o talento.”

Esse foi um ponto de virada na carreira de Eduardo. Segundo ele, sua participação de destaque e as habilidades desenvolvidas no FEMUSC o ajudaram a ingressar no Colburn School Conservatory of Music, instituição concorrida na Califórnia. Lá, ele obteve o Bacharelado em Música e o Artist Diploma — um programa de pós-graduação avançado para músicos altamente qualificados.

Durante os anos neste conservatório, ele mergulhou ainda mais no universo musical e passou a praticar até sete horas por dia. “No meu terceiro ano em Colburn, conquistei o primeiro lugar no concurso Sphinx, que é voltado para minorias na música clássica. Isso me deu muito mais confiança e pude me apresentar como solista com várias orquestras renomadas dos Estados Unidos.” A partir de então, Eduardo teve passagens marcantes por orquestras e concursos internacionais, experiencias que o prepararam para conquistar seu maior desafio, na Filarmônica de Berlim.

Compartilhe esse post